
Ela já se chamou Reserva Ecológica do Roncador. Abriga mais de 4000 espécies de plantas e animais. É gerida pelo IBGE e está fazendo 50 anos em 2025. Você sabe de quem estamos falando? Da Reserva Ecológica do IBGE – RECOR – uma área de preservação permanente, de interesse científico, localizada no Distrito Federal.
Para comemorar os 50 anos de existência desse santuário, nós, do IBGEeduca, preparamos um especial com informações sobre este riquíssimo acervo ambiental brasileiro.
A Recor
Com laboratórios, alojamentos, espaços para pesquisa, estação meteorológica, herbário, coleções zoológicas, e até uma brigada de incêndio, a Recor é referência na produção de informações ambientais, além de um espaço de preservação do Cerrado. Lá é possível encontrar uma extensa base de dados científicos sobre o bioma proveniente de estudos por amostragem ou experimentação, inventários da fauna e da flora e estudos ambientais de vulnerabilidade e risco ecológico.
Desde 1998, a reserva integra o grupo das estações de pesquisas ecológicas de longa duração que compõem redes nacionais e continentais interligadas à rede ILTER (Internacional Long Term Research Network).

Pesquisa científica, ensino e extensão
A Recor oferece visitas técnicas e aulas de campo geralmente organizadas por instituições de ensino ou pesquisa, além de um laboratório destinado aos pesquisadores com projetos em andamento na área.
O espaço é formado por um amplo salão com uma bancada para manuseio de material coletado no campo. Há também estufas para secagem de material, autoclave, capela para exaustão de gases, pia e geladeira.
A instituição interessada em agendar visitas técnicas ou aulas de campo pode consultar a disponibilidade por e-mail (recor.df@ibge.gov.br), informando dia e horário; proposta de atividade; número de pessoas e outras informações conforme consta nesse link.
Também é possível solicitar autorização para realizar pesquisas na reserva. Veja mais informações aqui.

Alojamentos: Casa do Pesquisador
Para atender aos pesquisadores que precisam passar dias no campo, a Recor oferece alojamentos que abrigam até 29 pessoas no conjunto de 2 edificações situadas próximas à nascente do Córrego Roncador. Trata-se da Casa do Pesquisador I e Casa do Pesquisador II.
A primeira atende a hospedagem de pesquisadores residentes fora do Distrito Federal ou daqueles que necessitam de horários especiais de coleta ou observação.
Já a segunda casa fica restrita às atividades em grupo como cursos, reuniões técnicas, oficinas, dentre outras.
Para usar os alojamentos, o pesquisador interessado deve ter projeto de pesquisa previamente aprovado ou propor a organização de curso de campo. Informações sobre disponibilidade e condições podem ser obtidas através do e-mail: recor.df@ibge.gov.br

Estação meteorológica
A uma altitude de 1.100, a Estação Climatológica Auxiliar (ECA) foi instalada na Recor em 1989, através de um convênio entre IBGE e o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).
Sua função era monitorar parâmetros meteorológicos como pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar, temperatura do solo, precipitação, direção e velocidade do vento, horas de insolação, por exemplo, que eram lidos, anotados e enviados para o centro coletor do INMET.
Todos os dias do ano, eram feitas três leituras diárias (períodos matutino, vespertino e noturno) referentes às observações meteorológicas consagradas para este tipo de estação, além das estatísticas diárias, mensais e anuais (médias, valores máximos e mínimos) relativas aos parâmetros, totalizando 21.915 dados meteorológicos anuais ou cerca de 854.685 dados desde que começou a funcionar.
Os dados da estação meteorológica do IBGE até o ano de 2016 podem ser obtidos diretamente no site do INMET selecionando a estação Roncador – DF.
De 2017 em diante, as medições detalhadas foram interrompidas por falta de pessoal, sendo realizadas medições simplificadas. A partir de 2022 a Recor passou a contar com uma estação metorológica automática, que capta diversos parâmetros meteorológicos continuamente a cada 30 minutos. Esses dados podem ser solicitados pelo e-mail recor.df@ibge.gov.br
Herbário IBGE
Utilizado para designar uma coleção de plantas desidratadas que são técnica e cientificamente preparadas para estudos da flora de uma região ou país, um herbário pode também conter frutos, musgos fungos e algas, além das “exsicatas” que são plantas ou seus fragmentos prensados num suporte de papel com dados da espécie (nome, local e data de coleta, nome do coletor etc.).
O Herbário da Reserva Ecológica do IBGE foi criado em 1977 com a doação de 1.000 duplicatas da coleção de seu fundador, o engenheiro agrônomo Ezechias Paulo Heringer, servidor do IBGE no Distrito Federal.
Disposto numa área climatizada de 350 m², o local possui mais de 87 mil espécimes em exsicatas acondicionadas em armários de aço.
Devido à rigorosa identificação científica do material coletado, o acervo do herbário é considerado um dos melhores do Brasil dentro da área de sua atuação.
Além do herbário da Recor, o IBGE possui outra unidade em Salvador (BA), situada no Jardim Botânico da cidade, conhecida como Herbário RADAMBRASIL. Ambos integram a Rede Brasileira de Herbários e o Index Herbariorum, onde os dados são frequentemente atualizados.
Na página do IBGE na internet, você encontra informações sobre as coleções biológicas do IBGE:

Coleções zoológicas
A Recor dispõe também das Coleções Zoológicas, composta por peixes, aves, insetos e mamíferos.
Peixes
A coleção de Peixes da Reserva foi implementada em 1984, objetivando tornar-se uma “Coleção de Referência” dos peixes das cabeceiras das três grandes bacias hidrográficas do Bioma Cerrado (Araguaia-Tocantins; São Francisco e Paranaíba).
Hoje em dia (2025), ela abriga cerca de 11 mil lotes referentes a mais de 200 espécies de peixes que ocupam tais bacias. O mais famoso é o pirá-brasília (Simpsonichthys boitonei).

Aves
A Coleção de Aves é composta por cerca de 800 indivíduos taxidermizados e ovos de mais de 360 espécies e subespécies.
Embora a maior parte dos exemplares seja proveniente de coletas realizadas no Distrito Federal e entorno e doações, há também material proveniente de mais de 140 localidades em vários estados brasileiros e de outros países.
Insetos
A Coleção Entomológica da Recor conta com cerca de 70.000 exemplares de insetos acondicionados em ambiente climatizado.
Além do material local, a coleção também conta com espécies provenientes de coletas e doações de outras regiões do Brasil.
Mamíferos
A coleção de Mamíferos possui cerca de 300 exemplares representados por crânios, conteúdos estomacal e intestinal, esqueletos e peles, além de moldes de pegadas. Ela é composta exclusivamente por espécies do Cerrado, principalmente do Distrito Federal, mas também de Goiás e Minas Gerais. As primeiras coletas datam de 1970 e as últimas de 1997.
Animais ameaçados de extinção
A RECOR abriga 34 espécies da Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, também conhecida como “lista vermelha”, do Ministério do Meio Ambiente, sendo 3 de invertebrados e 32 de vertebrados.
Entre os animais da lista que habitam a RECOR, temos:
- Camaleãozinho (Enyalius capetinga): conhecido pela comunidade científica pela primeira vez em 2018, a partir de coletas feitas dentro da RECOR. Habita mata fechada, como a de galeria, e tem registros em poucas localidades.
- Serpente falsa-coral (Apostolepis albicollaris): ela lembra a temida cobra-coral, mas não oferece risco aos seres humanos, pois não possui presas capazes de injetar veneno.

Serpente falsa-coral (Apostolepis albicollaris). Foto: Wikimedia
- Rã-cachorro (Physalaemus cuvieri): tem um canto curto que se assemelha um pouco a um latido delicado.
- Perereca-de-banheiro (Scinax fuscovarius): é frequentemente encontrada em banheiros, tanques e outros locais úmidos.
- Sapo-cururu (Rhinella diptycha): comum em áreas semi-urbanas, atraído pelos insetos que rondam luzes noturnas.

Sapo-cururu (Rhinella diptycha). Foto: Wikimedia.
- Tapaculo-de-Brasília (Scytalopus novacapitalis): é considerada uma espécie rara e em risco de extinção devido à destruição de seu habitat. Vive no nível do solo, escondido entre a folhagem e a vegetação densa, especialmente em áreas ricas em samambaia e palmito-juçara. Além disso, tem hábitos rasteiros e só sobe às árvores quando precisa fugir de algum perigo.

Tapaculo-de-Brasília (Scytalopus novacapitalis). Foto: Wikiaves.
- Tatu-canastra (Priodontes maximus): É a maior espécie viva de tatu, e pode medir mais de um metro de comprimento. Atualmente, a espécie é considerada vulnerável à extinção, principalmente devido à caça e à perda de habitat. Sua aparência é marcada pelo corpo coberto por poucos pelos e por patas anteriores dotadas de garras enormes, adaptadas para escavação.
- Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla): É a maior entre as quatro espécies de tamanduás. Diferente de seus parentes próximos, como o tamanduá-mirim e o tamanduaí, ele possui um comportamento predominantemente terrestre. Com um comprimento que varia entre 1,8 e 2,1 metros e peso de até 41 kg, destaca-se pelo focinho alongado e pela pelagem de padrão característico.
- Jaguatirica (Leopardus pardalis): As jaguatiricas são animais muito habilidosos, destacando-se na escalada, no salto e na natação. De hábitos solitários e territorialistas, elas são carnívoras e passam a maior parte do dia escondidas, sendo mais ativas durante a noite. Na natureza, sua expectativa de vida é de aproximadamente dez anos. Em termos físicos, as jaguatiricas medem entre 68 cm e 1 metro de comprimento e pesam de 8 a 16 kg. São animais ágeis e velozes: alcançam em média 50,4 km/h, podendo chegar a até 80 km/h em curtas distâncias.
- Onça parda (Puma concolor): é segundo maior felino do Brasil (o maior é a onça-pintada Panthera onca). Sua pelagem varia do marrom-acinzentado claro ao marrom-avermelhado escuro, tornando-se mais escura com a idade — os jovens têm tonalidades mais claras. Os machos adultos medem até 2,4 metros de comprimento e pesam entre 53 e 72 kg, enquanto as fêmeas atingem até 2 metros e 34 a 48 kg. Na natureza, vivem de 8 a 13 anos e podem correr a 64–80 km/h.

Onça parda (Puma concolor). Foto: IBGE.
Brigada contra incêndios
A Brigada contra Incêndios do IBGE foi criada em 1978, com a incumbência de desempenhar atividades de vigilância, prevenção e combate inicial de incêndios nas áreas de Cerrado na Reserva. Originalmente era formada por servidores da Casa sob o regime de voluntariado, devidamente capacitados e treinados pelo Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Com o passar do tempo e a progressiva redução do corpo de servidores do IBGE, a reserva também passou a contar com o apoio de uma equipe de brigadistas profissionais contratados, atuando sob a supervisão dos brigadistas voluntários do IBGE.
Quer saber mais sobre a Recor? Veja em: https://recor.ibge.gov.br/