Mini Censo Escolar

02/10/2018

Em algum momento você já se questionou como é que se chega a um número total da quantidade de pessoas vivendo em um país? E a partir disso, qual a quantidade de pessoas que declaram sua cor de pele como branca, negra, parda? E referente a dados que informam quantas pessoas pertencem a cada classe social: rica, média alta, média baixa, pobre? Ou ainda, quantidade de pessoas de cada religião? Esses, entre tantos outros questionamentos que nos fizemos, quem nos responde é o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), através da pesquisa de Censo Demográfico, o qual é um dos instrumentos mais importantes para a organização de um país.

Nesse sentido, após estudar a População brasileira, os estudantes do 7° ano foram os recenseadores no espaço escolar, e o resultado da pesquisa segue aí.

A pesquisa foi realizada por estudantes do 7° ano na disciplina de Geografia, da Escola Básica Municipal Elizabetha Andreazzo Pavan, de Concórdia/SC, a proposta de trabalho foi realizada no contexto de estudo do conteúdo População Brasileira, na qual debateu-se a importância da pesquisa populacional realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo esta de cunho relevante. Visto que, através pesquisas para obtenção de dados estatísticos, são apresentadas informações traduzidas em mapas, gráficos e tabelas que podem ser usadas para fins de interesses políticos, empresariais e da própria população. Neste contexto os estudantes foram os recenseadores no espaço escolar, elaboraram as questões do Mini Censo Escolar e posteriormente realizaram as entrevistas.

Participaram da pesquisa: 1 gestor, 9 professores, 3 funcionários e 55 estudantes, um total de 68 pessoas entrevistadas.

Os resultados nos mostram que predomina no espaço escolar pessoas do gênero feminino, representando um total de 40 mulheres e 28 homens.

É relevante destacar e cruzar os dados obtidos quanto à origem étnica, cor de pele e religião. Os primeiros dados indicam que há predominância de pessoas de origem alemã e italiana, corroborando com a informação referente à cor da pele e questão religiosa. Em análise mais apurada tem-se que referente ao aspecto religioso o Catolicismo no Brasil apresenta costumes tipicamente italianos, como em festas, santos de devoção e demais práticas religiosas. Hábitos esses que seguem de geração em geração, fato que contribui para compreender o contexto da pesquisa. Ademais podemos observar que outras religiões também ganham espaço, contudo em menor proporção.

Outro dado que merece atenção é o uso do celular com acesso à internet. É visível como há muita diferença entre os dois grupos, sendo que 43 pessoas têm acesso à internet no celular por meio de rede de dados móveis ou WiFi em casa e 25 pessoas do total de entrevistados não tem acesso à internet. Essa informação nos faz refletir a questão de estarmos vivendo em uma sociedade desigual quando se fala em Globalização, sendo que serve também para orientar o grupo docente quanto à solicitação de realização de pesquisas em casa em sites do Google.

Somos uma sociedade desigual, e as informações e dados coletados nesta questão nos mostra claramente as diferenças no espaço escolar, as quais são reflexos da desigualdade de renda, em consonância com essa informação, afirma-se que os indicadores educacionais revelam a relação existente entre as condições econômicas da população e os níveis educacionais dos diferentes segmentos sociais. Dados podem ser analisados em pesquisa do IBGE e do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), ou seja, o sistema educacional, que é fruto de um processo histórico e, “[...] configura-se no bojo das relações sociais e de produção, que dividiram e ainda dividem a sociedade em grupos econômicos distintos e, ainda mais, estabelece uma relação entre classes sociais antagônicas” (GUZZO, FILHO 2005).

Em suma, a pesquisa de campo nos permitiu tecer um delineamento do cenário escolar, não se caracterizando como um estudo limitado e sim um processo que exige observação, reflexão e análise das dinâmicas estudadas, sendo relevantes estudos contínuos para a compreensão profunda dos aspectos pesquisados. Também reforçou que enquanto docentes educamos para a diversidade, já que no espaço escolar há uma multiplicidade de sujeitos que carregam consigo diferentes vivências, culturas e valores distintos.

Enquanto docente e organizadora deste trabalho espero ter instigado o grupo escolar a olhar para este espaço antagônico de uma forma diferente, ficando aqui o desafio de uma nova pesquisa e desafio de abordar com os estudantes a diversidade religiosa, cultural, étnica e racial deste espaço, assim como no município, país e mundo, buscando compreender e respeitar as múltiplas diferenças.

GUZZO, R.S.L; FILHO, A.E. Desigualdade social e sistema educacional brasileiro: a urgência da educação emancipadora. Escritos educ. v.4 n.2 Ibirité dez. 2005. Disponível em: Acesso em 07 ago 2018.