De acordo com o Censo 2022, 11.809.398 (5,82% da população do país) pessoas residiam em 1.138 Unidades de Conservação (48,12%), distribuídas em 1.375 municípios. E em 1.227 Unidades de Conservação (51,88%) não tinha ninguém residindo.
Esses são alguns dos resultados - pela primeira vez pesquisados – que fazem parte da publicação Censo Demográfico 2022: Unidades de Conservação - Principais características das pessoas residentes e dos domicílios, por recortes territoriais e grupos populacionais específicos - Resultados do universo, lançada pelo IBGE em julho de 2025.
Para realizar esse levantamento, o IBGE utilizou os dados oficiais do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação na data de referência da pesquisa, que é mantido pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, com a colaboração dos órgãos gestores nos níveis federal, estadual e municipal.
Antes de conhecer alguns resultados, vamos entender o que são as Unidades de Conservação?
Unidades de Conservação no Brasil
Criadas e geridas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), as Unidades de Conservação, ou UCs, são áreas territoriais brasileiras, com limites definidos pelo Governo Federal, Estadual ou Municipal e têm como objetivo preservar a sua fauna, flora, recursos hídricos e outros elementos da natureza.
Estão divididas em dois grandes grupos: Unidades de Proteção Integral, subdivididas em 5 categorias, e Unidades de Uso Sustentável, com 7 categorias. O Censo 2022 identificou 2.365 UCs no país, sendo 861 de Proteção Integral e 1.504 de Uso Sustentável.
- Unidades de Proteção Integral
As 5 Unidades de Proteção Integral têm como objetivo principal a preservação da natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos na Lei. São elas:
Estação Ecológica: preservam a natureza local e permitem a realização de pesquisas científicas.
Estação Ecológica da Ilha do Mel (município de Paranaguá, Paraná).
Crédito: Secretaria de Cultura e Patrimônio Histórico de Paranaguá.
Reserva Biológica: preservam integralmente a biota e demais atributos naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações ambientais.
Reserva Biológica de Poço das Antes (município de Silva Jardim, Rio de Janeiro).
Crédito: Wikimedia.
Parque Nacional, Parque Estadual ou Parque Natural Municipal: preservam os ecossistemas naturais de grande relevância ecológica.
Parque Nacional do Iguaçu (Paraná, abrangendo os municípios de Foz do Iguaçu, Céu Azul, Matelândia, Medianeira e São Miguel do Iguaçu).
Crédito: Wikimedia.
Monumento Natural: são os sítios naturais raros ou de grande beleza cênica.
Monumento Natural do Arquipélago da Ilha das Cagarras (município do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro).
Crédito: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Refúgio de Vida Silvestre: protegem ambientes naturais e asseguram as condições para a existência ou reprodução de espécies ou fauna e flora residente ou migratória.
Refúgio de Vida Silvestre Ilha dos Lobos (município de Torres, Rio Grande do Sul).
Crédito: Wikimedia.
- Unidades de Conservação de Uso Sustentável
As 7 Unidades de Conservação de Uso Sustentável têm como objetivo compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. São elas:
Área de Proteção Ambiental: área extensa, com ocupação humana, dotada de atributos bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas.
Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha - Rocas - São Pedro e São Paulo (Ilha de Fernando de Noronha, Pernambuco).
Crédito: Wikimedia.
Área de Relevante Interesse Ecológico: área de pequena extensão com pouca ou nenhuma ocupação humana. Possui características naturais extraordinárias ou abriga exemplares raros da biota regional.
Área de Relevante Interesse Ecológico Buriti de Vassununga (município de Santa Rita do Passa Quatro, São Paulo).
Crédito: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Floresta Nacional, Floresta Estadual ou Floresta Municipal: área de posse e domínio públicos com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica.
Floresta Nacional Santa Rosa do Purus (município de Feijó, Acre).
Crédito: Wikimedia.
Reserva Extrativista: área de domínio público utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo, agricultura de subsistência e criação de animais.
Reserva Extrativista de Cassurubá (municípios de Alcobaça, Canavieiras e Viçosa, na Bahia).
Crédito: Wikimedia.
A seguir, duas imagens da Reserva Extrativista Ipaú-Anilzinho (município de Baião, Pará) com ocupação humana:
Créditos: IBGE.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável: área de domínio público que abriga populações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais.
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (município de Diogo Lopes, Rio Grande do Norte).
Crédito: Wikimedia.
Reserva de Fauna: área natural, de posse e domínio públicos, com presença de animais terrestres ou aquáticos, residentes ou migratórios.
Reserva de Fauna Estadual Pau D’Óleo (município de São Francisco do Guaporé, Rondônia).
Crédito: Secom/Rondônia.
Reserva Particular do Patrimônio Natural: área privada, com o objetivo de conservar a diversidade biológica.
Reserva Particular do Patrimônio Natural Solar das Borboletas (município de Itaara, Rio Grande do Sul).
Crédito: Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Governo do Rio Grande do Sul.
Alguns resultados
Das pessoas que residem em Unidades de Conservação, 98,73% vivem em áreas de uso sustentável, como Áreas de Proteção Ambiental (APA) e reservas extrativistas.
As Áreas de Proteção Ambiental concentravam 97,10% (11.466.934) da população residente em Unidades de Conservação, sendo a APA do Planalto Central (Distrito Federal e Goiás) a mais populosa, com 601.773 pessoas residentes.
Em seguida, estão as Reservas Extrativistas que reuniam uma população de 122.239 pessoas (1,04%).
O Estado de São Paulo apresentou o maior número de pessoas residindo em UCs: 2.483.199.
A população que se identifica como parda é a maioria dos residentes nas UCs: 6.037.270 pessoas (51,12%), seguida por brancos (4.229.681 pessoas ou 35,82%), e pretos, com 1.407.255 (11,92%).
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