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Prêmio “Melhor escola do mundo” tem quatro brasileiras entre as finalistas
Paquistão, Emirados Árabes Unidos, França, Costa Rica, Kosovo, Estados Unidos, Etiópia, Zimbábue, Palestina, Nigéria, Reino Unido, Chile, Colômbia, Índia, Austrália, Vietnã, Tailândia, Uganda, Malásia, Filipinas, Suécia, Turquia, Nepal, Peru, Argentina, Itália e México. Esses são 27 países finalistas do World's Best School Prizes ou “Melhor escola do mundo”, iniciativa de uma plataforma global internacional – T4 for Education – que reconhece projetos educacionais em todo o mundo, com foco nos alunos e na comunidade escolar.
E por que estamos falando sobre isso? Porque o Brasil é o 28º país finalista, com quatro escolas, três públicas e uma particular, que estão concorrendo em três das cinco categorias.
O prêmio celebra as instituições de ensino que promovem mudanças positivas em cinco áreas: Colaboração Comunitária, Ação Ambiental, Superando a adversidade, Inovação e Apoiando Vidas Saudáveis.
Os vencedores de cada categoria serão escolhidos por líderes globais em educação, escolhidos pela plataforma, e o resultado será divulgado em outubro. A plataforma fará uma votação online para conceder o “Prêmio Escolha da Comunidade" àquela entre as dez finalistas em cada categoria que recebeu o maior número de votos na votação pública.
O IBGEeduca conversou com as quatro brasileiras candidatas ao prêmio.
Vamos conhecer cada escola e cada projeto?
Escola Estadual Parque dos Sonhos (SP)
Escola Parque dos Sonhos (foto: Divulgação)
Localizada no município de Cubatão (SP), a Parque dos Sonhos atende alunos do 1° ao 9° ano do Ensino Fundamental e concorre na categoria “Superando a adversidade”. O projeto se chama “Transformando Pesadelos em Sonhos” e tem por objetivo transformar a escola em um ponto de irradiação da paz contra a violência.
Por ser uma área historicamente violenta, era comum o abandono escolar, além da falta de infraestrutura básica e de engajamento dos professores e da comunidade escolar. Para combater isso, a escola mudou sua abordagem pedagógica inserindo valores humanistas e a não violência como metodologia de ação.
Para o diretor, Régis Marques Ribeiro, na atividade “Escola Vai à Sua Casa”, duplas de professores visitam as casas dos estudantes para falar sobre a proposta educacional da escola e a importância da escola na vida do estudante”.
Outa estratégia foi incluir atividades extracurriculares para atrair os jovens, como patinação artística e o vôlei, por exemplo, além de um projeto de conexão com as famílias dos alunos. “Nossa escola passou por uma transformação incrível e hoje é um espaço seguro e acolhedor, onde os estudantes são conhecidos por seus nomes e os professores são motivados a criar projetos inovadores”, afirma Régis.
IBGEeduca: Quais desafios você tem estando a frente de uma instituição de ensino nos dias hoje?
Régis: Acredito que o principal desafio hoje que estamos enfrentando é sair de uma cultura tecnicista, plataformista, que prega o individualismo e propor uma identidade mais humana, colaborativa, baseada na empatia. Temos que trabalhar todos os dias a ideia de coletividade, de sociedade, que juntos somos mais fortes e só desta forma vamos formar estudantes transformadores de sua realidade.
IBGEeduca: O que uma escola precisa para ser considerada uma das melhores do mundo, na sua opinião?
Régis: Para ser a melhor escola do mundo é necessário olhar o aluno como ser humano, que tem vontades, emoções, angústias, que está alegre, triste e, principalmente, está em formação, está aprendendo. Nestes 20 anos que estou na educação, muitas vezes vi as pessoas falando dos alunos como se já fossem adultos e não são. Para terminar, para mim o Parque já a melhor escola do mundo.
Veja mais sobre a indicação da escola em:
https://t4.education/5-prizes-finalists-winners/ee-parque-dos-sonhos/
Colégio Sesi da Indústria Portão (PR)
Colégio Sesi da Indústria Portão (foto: Divulgação)
Localizado no município de Curitiba (PR), o colégio atende alunos da Educação Infantil, Ensinos Fundamental e Médio, e foi indicado na categoria “Apoiando vidas saudáveis”. O projeto escolhido se chama “Encontro com a nutri” e visa promover uma relação mais natural e saudável com a alimentação desde os primeiros anos de vida. “Em um mundo onde o consumo de alimentos ultraprocessados e os distúrbios alimentares crescem cada vez mais entre crianças e adolescentes, entendemos que a escola tem um papel fundamental na formação de hábitos duradouros, saudáveis e conscientes”, explica Débora Carvalho Seehagen Domiciano, coordenadora de Unidade Sesi de Educação e Cultura – Unidade Portão/Curitiba.
Na prática, a escola promove encontros quinzenais com os alunos, conduzidos por uma nutricionista e a equipe pedagógica, onde há vivência na horta, atividades lúdicas, exploração sensorial e oficinas de culinária. Eles aprendem desde cuidar da terra até preparar receitas simples e saudáveis.
Para Débora, o projeto não busca apenas ensinar sobre os alimentos, “mas fortalecer o vínculo dos estudantes com aquilo que consomem, promovendo autoestima, senso crítico e responsabilidade consigo mesmos e com o meio ambiente”.
IBGEeduca: Quais desafios você tem estando a frente de uma instituição de ensino nos dias hoje?
Débora: Os desafios de liderar uma escola hoje vão muito além da gestão administrativa. Envolvem, sobretudo, a capacidade de compreender as transformações sociais, emocionais e pedagógicas pelas quais passam nossos estudantes, famílias e educadores. É preciso equilibrar inovação e acolhimento. Isso significa manter-se atualizada frente às mudanças tecnológicas, às novas formas de aprender e ensinar, mas sem perder de vista o aspecto humano que sustenta toda relação educativa. Liderar exige escuta ativa, sensibilidade para lidar com diferentes contextos e, ao mesmo tempo, firmeza e clareza para conduzir a equipe com propósito.
Dentro desse cenário, um grande diferencial — e também uma grande responsabilidade — é manter viva e bem executada a proposta pedagógica do Colégio Sesi da Indústria. Trabalhamos com uma metodologia inovadora, que valoriza a autonomia do estudante, o pensamento crítico, a interdisciplinaridade e a aprendizagem baseada em temas significativos.
IBGEeduca: O que uma escola precisa para ser considerada uma das melhores do mundo, na sua opinião?
Débora: Para mim, uma escola é excelente quando promove transformação real na vida de seus estudantes, educadores e famílias. Quando ensina com propósito, forma cidadãos conscientes, valoriza sua equipe e se abre para aprender com o contexto em que está inserida. Para além de apresentar bons resultados acadêmicos, uma escola precisa ser coerente com aquilo que acredita, agir com intencionalidade pedagógica, e manter um compromisso constante com o desenvolvimento integral dos estudantes — em todas as dimensões: intelectual, emocional, social e ética. Foi com esse olhar que nosso projeto foi pensado: a partir da análise de uma necessidade concreta — a relação dos estudantes com a alimentação —, aliado à nossa visão de formação integral e ao propósito de desenvolver hábitos saudáveis desde a infância. Uma escola de excelência não nasce pronta. Ela se constrói diariamente, com escuta, sensibilidade, planejamento e coragem para inovar com responsabilidade.
Veja mais sobre a indicação da escola em:
https://t4.education/5-prizes-finalists-winners/colegio-sesi-da-industria-portao/
Escola Municipal Saint-Hilaire (RS)
Escola Municipal Saint-Hilaire (foto: Divulgação)
A escola municipal Saint-Hilaire está localizada na Vila Panorama, uma comunidade rural na periferia de Porto Alegre (RS), e recebe alunos do Ensino Fundamental. O projeto indicado se chama “Em busca dos jardins”, na categoria “Superando a adversidade”, e tem como objetivo incentivar discussões abertas sobre violência sexual, dignidade menstrual e imagem corporal, criando um espaço seguro para as crianças se manifestarem.
De acordo com Cinara Bertuol, diretora da escola, “com esse projeto, mais de 300 crianças denunciaram casos de violência sexual, o que motivou ainda mais ações desse tipo serem realizadas dentro da escola e medidas foram tomadas para solução dessas denúncias”.
Metodologias de prevenção e apoio foram implementadas e sempre que uma aluna fizer uma denúncia de abuso, o serviço de Orientação designado pela escola toma medidas com base em procedimentos pré-estabelecidos.
A indicação da iniciativa ao prêmio só trouxe alegrias para a comunidade escolar: “recebemos a indicação com muita felicidade pelo reconhecimento internacional de um trabalho realizado dentro da escola pública, mostrando toda qualidade que a escola pública desenvolve mesmo frente a tantos desafios”, finaliza Cinara.
IBGEeduca: Quais desafios você tem estando a frente de uma instituição de ensino nos dias hoje?
Cinara: Os desafios são muitos: violência no território; alta de recursos humanos e de infraestrutura e a valorização do professor e da educação na construção de um mundo melhor.
IBGEeduca: O que uma escola precisa para ser considerada uma das melhores do mundo, na sua opinião?
Cinara: Ser acolhedora, buscando ouvir sua comunidade escolar. Deve ser um espaço vivo, afetivo, inovador e transformador. A melhor escola do mundo é aquela que transforma, não só mentes, mas mundos.
Veja mais sobre a indicação da escola em:
Escola COC São Luís (MA)
Escola COC São Luís (foto: Divulgação)
A escola COC São Luís, localizada na capital maranhense, foi indicada na categoria “Colaboração Comunitária”, com o "IA & Educação" – uma proposta pedagógica construída de forma colaborativa entre professores e alunos, focando no desenvolvimento de habilidades essenciais em Inteligência Artificial, STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) e letramento digital.
Para Rodrigo Marques, presidente do grupo COC São Luís, “o projeto se destaca por não ser apenas um programa de ensino de tecnologia, mas uma iniciativa que transforma a educação em uma ferramenta de colaboração e transformação comunitária”.
A ideia da escola é desenvolver o protagonismo dos alunos pois sendo protagonistas, eles desenvolvem os cursos, definem os temas e atuam como professores para a comunidade.
Rodrigo salienta que o modelo pedagógico vai além do aprendizado técnico, com foco em habilidades essenciais como STEAM, letramento digital e, principalmente, liderança, criatividade e impacto social. “Isso prepara os alunos não só para o mercado de trabalho, mas para serem agentes de mudança em suas comunidades”.
IBGEeduca: Quais desafios você tem estando a frente de uma instituição de ensino nos dias hoje?
Rodrigo: Os desafios de liderar uma instituição de ensino nos dias de hoje são complexos, mas a trajetória do COC São Luís demonstra como é possível transformar esses obstáculos em diferenciais competitivos e, mais ainda, em motores de mudança. O foco em Inteligência Artificial, STEAM e letramento digital demonstra um compromisso em preparar os alunos para o futuro, não apenas com conhecimento técnico, mas também com habilidades práticas e criativas. A iniciativa "AI & Educação" é um exemplo perfeito de como a escola não apenas se conecta, mas também capacita sua comunidade. Ao oferecer treinamento gratuito em IA para diversos públicos e colocar os próprios alunos como instrutores, a escola constrói pontes sólidas e estabelece uma relação de parceria e impacto mútuo. E ao fomentar o protagonismo estudantil e enfatizar o impacto social em seus projetos, a escola oferece aos alunos um ambiente onde eles são agentes de mudança. Isso fortalece a autoconfiança, a responsabilidade e o engajamento, elementos cruciais para a saúde mental e o desenvolvimento integral.
IBGEeduca: O que uma escola precisa para ser considerada uma das melhores do mundo, na sua opinião?
Rodrigo: Precisa ir muito além do ensino tradicional. Ela deve ser um ambiente que não apenas educa, mas inspira e transforma, tanto os alunos quanto a comunidade ao seu redor. As melhores escolas são aquelas que preparam os alunos para o futuro, não apenas para o presente. Isso significa ter um modelo pedagógico inovador que integre tecnologias e metodologias de ponta, como Inteligência Artificial, STEAM e letramento digital, de uma forma que seja significativa e prática. Uma escola de excelência entende que seu papel não se limita aos muros da instituição. Ela se conecta ativamente com a comunidade, criando projetos que geram um impacto social positivo. É o tipo de escola que se torna um agente de mudança, oferecendo seus recursos e conhecimentos para melhorar a vida de outras pessoas. Em resumo, a excelência hoje se traduz na capacidade de uma escola inovar de forma relevante, de colaborar com sua comunidade para gerar impacto social e de emponderar seus alunos para que se tornem cidadãos ativos e preparados para os desafios do futuro.
Veja mais sobre a indicação da escola em:
https://t4.education/5-prizes-finalists-winners/escola-coc-sao-luis/
Mais informações sobre o prêmio, veja em:
https://t4.education/blog/worlds-best-school-prizes-2025-top-10-finalists-revealed/